terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Excertos do "Viveka chudamani", de Shankaracharya




"Se a suprema Verdade permanece desconhecida, o estudo das Escrituras é inútil; quando a suprema Verdade é conhecida, o estudo das Escrituras é inútil."

"O tesouro escondido da suprema bem-aventurança é guardado pela muito poderosa e terrível serpente do ego [ahamkara]... O homem sábio é capaz de apreciar este oculto tesouro de bem-aventurança após... destruir esta serpente com a grande espada do conhecimento espiritual."

(Tradução: Editora Teosófica)

sábado, 13 de outubro de 2012

O Natal


Vídeo de Papaji no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=QKEDAAov_D0


Traduzido:
"Este é o ego e você tem que estar na cruz um dia. E Jesus assim fez e tornou-se o filho de Deus. Então, eu aconselho você (risadas) a ficar na cruz e desistir do seu ego. O ego é a cruz e você tem que livrar-se deste ego. Se você se queimar, se você crucificar-se, pendurar-se na cruz, então será livre. Liberdade é a sua natureza, a sua última natureza. Somente aqueles que pensam que são o corpo, mente, sentidos estão envolvidos nos objetos dos sentidos para cumprir seus desejos inerentes, que nunca podem ser cumpridos.
Você tem que estar na cruz. E esta cruz é - não há mais desejos. Instantaneamente você decide: "Eu não quero ter qualquer desejo com o meu anseio previsto, para a apreciação dos objetos de seus respectivos sentidos." E aí então você est...á livre. Assim, desejo-lhe desfrutar, comemorar os natais seguintes, sem ego. E você está tendo essa felicidade ... Eu não acho que qualquer natal em todo o mundo se comemora assim. Eu vi muitos países diferentes, incluindo o do Vaticano e todos os países da Europa e Estados Unidos - Eu o vi natal, mas eu não vi nenhum natal com uma alegria tremenda e amor entre si, sob o mesmo teto. Estamos felizes, estamos muito contentes, como uma família, uma só alma, um Atman. Que a paz esteja com você."

domingo, 16 de setembro de 2012

O Vedanta e a "Bíblia"


"A Bíblia e o [Bhagavad] Gita são a mesma coisa."

"Todo o Vedanta está contido em duas afirmações da Bíblia: 'Eu sou o que sou' (Exôdo 3, 14) e 'Permaneça imóvel e saiba que eu sou Deus' (Salmo 46, 10)."

"(...) Diz também:'Há apenas um e não há um segundo', e 'O coração do sábio está a direita e o do ignorante à esquerda' (Eclesiastes, 10, 2)."

(Ramana Maharshi)


"E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (S. João, 8: 32).

"Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse EU SOU" (S. João, 8: 58).





sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Realização X erudição


"Os pouco instruídos se libertam mais facilmente do que aqueles cujo ego não se abrandou apesar de toda a sua cultura. Os chamados homens sem cultura estão livres do domínio implacável do demônio da auto-fascinação; eles estão livres da doença da turbulência de pensamentos e palavras; eles estão livres de correr atrás de riqueza..."

"Eu fui realmente afortunado por nunca ter me interessado por filosofia. Se eu tivesse me envolvido com ela provavelmente não teria chegado a lugar algum; mas as  minhas tendências mentais inatas me levaram diretamente a indagar 'Quem sou eu?'. Como fui afortunado!"

"...o homem que ardentemente busca a Deus ou ao seu Eu verdadeiro não precisa de nenhuma teoria." 

(Ramana Maharshi)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

R. Maharshi e o budismo (por A. Osborne)


"Conta-se que Bhagavan [Ramana Maharshi], perguntando lhe porque Budha recusava-se a responder perguntas relativas ã vida do além, “Talvez ele estivesse mais interessado no real trabalho de guiar os homens à Auto-realização, do que em satisfazer curiosidades inúteis”. 

Há grande semelhança entre os ensinamentos de Budha e de Bhagavan. 

Tal é demonstrado pelo fato de que a mesma essência espiritual anime a ambos os ensinamentos, não obstante o Budha haja criado uma religião que atendesse às necessidades de povos além [das] fronteiras indianas. 

Existem semelhanças entre todas as religiões, mas entre os ensinos desses dois mestres hás muito menor discrepância de que entre quaisquer outras. 

Não me referi a cosmologia budista que, de fato, está quase ausente das verdadeiras instruções de Budha, pertencendo mais a seus seguidores; falo do tema central do budismo. Assim como Bhagavan, Budha preferia não tocar nos assuntos teóricos de menor importância, a fim de não transviar o discípulo do esforço espiritual prático. 

Ensinava que o apego à ilusão ata o homem ao ciclo do nascimento, velhice e morte; e que a iluminação traz libertação. 

É claro que tal verdade básica encontra-se, duma forma ou de outra, nas várias religiões e instruções espirituais; mas ela e o tema central do Budha e de Bhagavan. 

Disso resulta que há, em ambos, injunção direta para repudiar a ilusão e buscar a iluminação, em lugar do processo indireto da recompensa pela virtude e do castigo pelo pecado. 

Emprego a palavra “indireta”, não só porque esta forma de ensinamento (disfarçado em apelo moral), pode ser apresentada com mais simplicidade como lei de causa e efeito, mas, também, porque leva o aspirante a visar estados intermediários entre este mundo e a realidade absoluta de Moksa ou Nirvana. 

Mesmo que tais estados sejam mais altos e reais do que a vida presente, continuam a ser ilusório à luz da verdade final da advaita. 

Mestres do gênero Budha e Ramana, recusando-se a reconhecer meta inferior ou qualquer realidade contingente, não de coisas “a vida do além”. 

Questionado: “Que serei quando morrer?” - Bhagavan retrucou: “Por que quereis saber o que sereis após a morte, se não sabeis o que sois em vida? Preocupai-vos, antes, em saber que sois agora”. 

Em outras palavras:- procurai a verdade final do ser, ele unicamente, está atrás de toda aparência desta ou de qualquer outra vida. 

Chegou afirmar explicitamente: “Ao homem sequer lhe apraz ouvir esta verdade, embora esteja pronto a conhecer o que há no além, e sobre o céu, inferno e reencarnação”. 

“Porque todos gostam do misterioso, mas não do verdadeiro, as religiões a todos atendem, a fim de que tal coisa os conduza de volta ao ser”. 

"Quaisquer sejam os meios adotados, devemos retornar ao ser; então, por que não nos fixarmos, desde já, no Ser?. 

A preocupação com os altos estados ainda contingentes, implica em ensinar no nível da realidade em que o ser é Deus, e o devoto acha-se separado de Deus; na verdade ultima, entretanto, não há dualidade. 

Eis porque, inquirido a respeito de Deus, ele respondia invariavelmente: “Porque quereis saber o que é Deus, antes de saber quem sois? Tratai primeiro de saber quem sois”. 

Vale dizer: porque parar ante, mesmo, à mais alta manifestação do Ser? Busque a última verdade do Ser que você é. 

Disse mais: “Não existe Ishwara”. 

E mais explicitamente: “Deus não existe separado do ser; e tal seria absurdo”. 

Verdade é que Bhagavan falava de Deus muitas vezes, posto que, enquanto continuar a concepção do ser individual, a concepção de Deus como Criador Amor e Juiz, terá que continuar também. 

Sempre disposto a conversar com todos no nível verbal que a pessoa entendesse, Bhagavan, entretanto, anunciava a verdade final a todos aqueles que abriram os corações plenamente aos seus ensinamentos; então ensinava: “Não há Deus nem você separados do Ser”. 

Nenhuma religião foi jamais tão desagradada como a daqueles budistas que, tentando acomodar-se ao modernismo, interpretam como ateísmo ou agnosticismo a recusa do Budha de fala de Deus. A baixo do nível de Deus e homem, encontra-se, apenas, a ilusão do ego; e acima dela está somente a Realidade do ser. Abaixo da aparência dos mundos superiores, está a este mundo físico; e acima disto está o ser em forma. Estes budistas “agnósticos”confundiram o inferior com o superior. 

A recusa de passar pelo nível do Deus pessoal (nível da verdade que, entretanto, não é a verdade final), é tomada por esses budistas (de que falamos), disfarçando sua inabilidade de elevar-se acima do mundo fenomenal, cuja condição ilusória o Budha explicou. 

Como Budha, Sri Bhagavan recusou-se igualmente a discorrer sobre o estado (se assim se pode chamar) do Jnani, isto é, o Nirvana , pois tal seria definir o indefinível. Inquirido a respeito da consciência física do Jnani , respondeu: “Pensais que o Jnani, tem um corpo ...”- e mais: Por que vos preocupais com o Jnani, antes de saberdes o que sois? Primeiro tratai de saber quem sois. E quando vos aperceberdes do que sois, é porque sereis um Jnani”. 

Explicações teóricas não auxiliam a ninguém e ainda podem ser impedimentos para o aspirante, fortalecendo-lhe a mente, em lugar de voltá-la para o interior, na busca do ser em que ela deve se submergir. A especulação mental não é a menor das defesas do ego contra o esforço espiritual. E se o esforço se dirige para aquilo que está além da mente, seria contradição buscar elucidá-lo com a mente. 

Seria como querer encerrar o oceano num balde. Bhagavan afirma: “o Ser é auto-efulgente. Não podemos dar-lhe um retrato mental. O pensamento que imagina é, em si mesmo, um grilhão. Sendo que o Ser é a auto-efulgência que transcende a luz e a escuridão, não podemos pensar nele com a mente. Tal imaginação nos levará à escravidão, enquanto que o Ser cintila espontaneamente como o Absoluto”. 

Verbalmente, existe contradição entre o que ensina Bhagavan e as pregações do Senhor Budha, desde que Bhagavan declara que só existe o Atma, e o Budha declara que o Atma não existe. Mas é apenas contradição verbal, pois Sri Bhagavan usava a palavra Atma para significar o Ser universal, que é Nirvana, enquanto o Senhor Budha se referia à alma individual. 

Além disso, Sri Bhagavan ensinou, também, que não existe um ser individual, não apenas no sentido que não perdurará depois da morte, mas que também não existe agora. “Não vos preocupeis com o que sereis após a morte; tratai de saber o que sois agora”. 


Instrutores têm conduzido seus seguidores por mais gradual caminho, guardando seus olhos ofuscante simplicidade da verdade final, afirmando a sobrevivência da alma após esta vida. Entretanto, a contradição como todas as contradições espirituais, é somente aparente e a clara percepção disto está na verificação de que o budismo, como doutrina, combina noções de céu, inferno e reencarnação com a noção da irrealidade da alma individual. 

Qualquer outra vida ou mundo é tão real quanto este, mas a verdade é que tudo isto é irreal. Por conseguinte, em lugar de conduzir o homem na busca dum nível de relatividade superior, Bhagavan e o budha insistem em que o ego é totalmente irreal – seja nesta vida ou em qualquer outra. “Primeiro buscai o que sois agora”. 


O Budha nenhuma importância dava às teorias. Seu propósito era menos construir uma cosmologia do que mostrar ao homem o caminho que vai do sofrimento à Paz. Como Sri Bhagavan, ele punha de lado as soluções parciais concernentes ao caminho, e timbrava na pura afirmação do Nirvana e de Maia do ser e da ilusão. Mesmo assim, os teóricos apossaram-se de seus ensinamentos, criando padrões que em nada contribuíram para que eles mesmos, ou outros possam escapar do sofrimento. É possível que eles queiram aferrar-se aos ensinamentos de Sri Bhagavan, mas seu real ensinamento jamais poderá a ser encerrado em suas exposições, pois seu ensinamento é abandonar o não-essencial e seguir o caminho da auto-realização. 

Ao lhe apresentarem questões nascidas do esquema das especulações espirituais da Índia, ás vezes, Sri Bhagavan respondia de uma forma técnica. Mas, geralmente, ele se esquivava à resposta direta. Nenhum apoio dava à especulação mental e desencorajava sempre as ciências espirituais relativa à vasta região da realidade intermediária: “Assim como é fútil examinar o lixo que já foi varrido e jogado fora, também o é que aquele, que busca o conhecimento do ser, detenha-se a enumerar e examinar as qualidades dos Tattwas (envoltórios do ser), em lugar de lançá-los fora”. 

Não somente estava o Budha desinteressado de elaborar uma cosmologia, como também não fez o menor esforço para estabelecer uma ordem social. Se algo fez nesse sentido, foi somente pela negativa de reconhecer qualquer casta social. 

Todo aquele que provava ser capaz de seguir a Senda, era considerado capacitado. 

Bhagavan teve essa mesma atitude mas, como seu propósito não era formar uma nova religião – ou nova ordem social, - jamais disse coisa alguma contra ou a favor das castas. 

Mui simplesmente a todos concedia sua Graça na medida em que estavam prontos para recebê-la. Se os Brahmas [brâmanes] queriam ficar separados dos demais, no “hall” do Ashram, tal podiam fazer, - mas o Mestre não se unia, então, aos Brahmas. Bhagavan aprovava os recitáveis védicos no hall, pela manhã e à noite, mas nenhum devoto – fosse mulher, fosse de casta inferior, ou forasteiro, - podia ser excluído de sua presença durante a cerimônia. 

A diferença de expressão entre os ensinos de Budha e de Sri Bhagavan é conseqüência de que o primeiro estava formando uma nova religião. Logo, ele falava de modo que atingisse às massas, bem como aos buscadores, em geral. Por isso, embora ressaltando que é o conhecimento que leva à libertação, derramava seus ensinamentos num molde de maior teor emocional, acentuando a questão do sofrimento e do alivio ao sofrimento. 

Mas o significado é o mesmo: é o apego que traz sofrimento; e apego e uma ilusão que somente pode ser dissipada pelo conhecimento. De outro lado, exatamente porque os ensinamentos foram adaptados ao mundo em geral, os genuínos buscadores do caminho, que desejavam sua essência, teriam que renunciar ao mundo. 

Renunciando ao lar, a todas as propriedades, e entrando num mosteiro, estavam criando um símbolo externo de renúncia ao apego, repudiando a ilusão para poderem penetrar no coração. 

O Mestre espiritual sempre é portador da mensagem adequada ao momento. No tempo do Budha, um novo veículo religioso era necessário aos povos do leste asiático. 

No tempo de Sri Bhagavan, foi necessário um novo caminho espiritual que pudesse ser trilhado nas condições do mundo moderno, pelos devotos de todas as religiões – que buscam e não encontram orientação espiritual. 

Desde que os ensinamentos de Sri Bhagavan são dirigidos aos aspirantes ao Caminho, ele fala com clareza e tranqüilidade – acentuando mais o tema da ignorância, do que o do sofrimento; mais o Conhecimento, do que o alívio do sofrimento. 

Não formulando uma nova religião para o mundo, ele não desvia seus devotos da vida do mundo. 

As condições da vida moderna são tais, que é impossível àqueles que anseiam por graça e orientação afastar-se do mundo, ou mesmo observar as completas e detalhadas obrigações de suas religiões, quaisquer sejam elas. 

Bhagavan absolve dessa necessidade a todos para ele se voltam. Este é seu grande donativo de compaixão. Não somente hindus, mas budistas, cristãos, muçulmanos, judeus, parsis, dirigiam-se a ele, e jamais qualquer um recebeu conselho de trocar duma religião para outra. 

Ele prescreveu o vichara para todos, igualmente. Bhagavan, desde que quaisquer outras observâncias de qualquer religião ajudavam o devoto dela, jamais aconselhou que fossem abandonadas tais observâncias..."

domingo, 15 de julho de 2012

O Coração Espiritual




"Este Brahman é puro brilho, residindo na cavidade do coração. Ele é o grande suporte de todas as coisas. Nele estão centradas todas as coisas moventes. O discípulo que O conhece em seu Ser percebe que Ele é o grosseiro e o sutil, é o adorável, o supremo, situado além do entendimento das criaturas.”

"Brahman brilha vasto, auto-luminoso, inconcebível, sutil dentro dos sutis. Ele está além do que está além, mas, está aqui, ao alcance da mão. Na verdade, Ele pode ser visto aqui, morando na cavidade do coração dos seres conscientes.”

"Àquele que conhece tudo e percebe todas as coisas, pertence toda a glória do mundo; Ele, o Atman, está localizado na fulgente morada de Brahman [o coração]. Ele assume a forma da mente e conduz o corpo sutil, após a morte, ao corpo denso. Ele reside no corpo físico dentro do coração. Conhecendo Aquele que brilha e que é o imortal Atman, o sábio a Ele pertence, Ele que está em todas as coisas.”

(Mundaka Upanishad)





"...que o coração físico esteja do lado esquerdo, é indiscutível. Porém, o coração de que falo fica do lado direito. É a minha experiência. O cosmos inteiros está ligado a um pontinho no coração. O coração não é um lugar. Olhe para dentro. O coração não é físico. É o ponto central de onde surgem todas as coisas.No coração podemos encontrar nosso laço indestrutível com o universo cósmico. E, uma vez que sentimos nele esse universo como presença viva, nossa consciência se eleva muito acima do egoísmo. Advém-nos uma satisfação interna que é completa em si mesma e que nada tem a ver com as circunstâncias externas da vida.Quanto mais interiorizamos a atenção, mais nos deixamos atrair e guiar por essa imensa e misteriosa presença espiritual que reside no coração."




"De modo semelhante, Deus, dizem, mora no Coração. O Coração não é um lugar. Algum nome deve ser dado à moradia de Deus em razão de pensarmos que somos o corpo. Esse gênero de ensino tem significado somente para quem aprecia o conhecimento relativo. Deus, sendo Imanente em toda parte, não tem lugar específico para Sua morada. Por pensarmos estar no corpo, também acreditamos que nascemos. Entretanto, não pensamos no corpo, em Deus ou em nosso método de realização quando estamos dormindo profundamente. E mais, quando estamos acordados, tomamos posse do corpo e pensamos que nele estamos. Paramatma é isso de que o corpo nasce, em que ele vive e dentro do qual ele se dissolve. Nós, todavia, pensamos que residimos no corpo. Assim sendo, haverá quem ensine tais coisas daí por diante? O significado do ensino é o seguinte: "Olhe para dentro". O "Coração" não é fictício. A meditação não deve ser mantida nem à direita nem a esquerda e sim, unicamente no SER. Cada um sabe "eu sou". Que é esse "eu"? Tampouco seria fora ou dentro, nem à direita nem à esquerda. Esse "eu sou" é tudo. O Coração é o ponto central do qual surgem todas as coisas. Por isso é que você vê o mundo, o corpo, etc., dizem haver aí um centro a que chama Coração. Mas, quando realmente queremos Nele estar, percebemos que o Coração não é nem o centro, nem a circunferência, mais nada havendo então."

(Ramana Maharshi)


"[o coração é]o lugar onde se alçam os raios da lua e a abertura das portas (da Realidade) para o místico.”

(J. Rûmî, Fonte: Masnavi, II, 165)




“Eu estou cego e não vejo as coisas destes mundo; mas quando a Luz desce do Alto e ilumina o meu coração, então vejo, porque o Olho do coração tudo vê. O coração é um santuário no centro do qual existe um pequeno espaço onde o Grande Espírito vive, e este espaço é o Olho. É o Olho do Grande Espírito, com o qual Ele vê todas as coisas e através do qual nós O podemos ver. Se o coração não é puro, o Grande Espírito não pode ser visto, e a alma daquele que morre nesta ignorância não pode regressar imediatamente para o Grande Espírito, ela terá de ser purificada através da vivência na terra. Para conheceres o centro do coração onde reside o Grande Espírito terás de ser bom e puro e viver da forma que o Grande Espírito nos ensinou. O homem que for assim puro contém o Universo no espaço do seu coração.”
(Alce Negro, chefe sioux)






domingo, 13 de maio de 2012

Eu confio que vocês todos são leões - Papaji





"Toda ignorância começou com os pastores. Pastores são para

ovelhas. Eu confio que vocês são leões. Leões não são para serem

arrebanhados; aonde eles andam é sua própria trilha. Não há rebanho de

leões; há somente rebanho de ovelhas. Vocês são todos leões – então vá

pelo seu caminho. Não andem em caminhos batidos feito ovelhas; um após

o outro. Não sigam nenhum caminho. Leões, não seguem um ao outro

como as ovelhas. 



A maioria das pessoas são ovelhas, seguem pastores pelo mundo

todo. A religião começou com pastores e as pessoas os seguem como

ovelhas. Mas aonde vocês forem serão leões, e não há caminhos para leões.

Onde o leão andar, é o caminho. Para o leão o não-caminho, é o único

caminho. Então não se coloque no meio de ovelhas precisando de um

pastor. O seu caminho é o não-caminho – isso é saber quem você é. Isto é

não seguir como uma ovelha. Este é um novo caminho, decididamente

desconhecido. Uma vez conhecido, isto é bem conhecido. Aquele que sabe

completou o propósito do esforço de toda vida humana. Ele é feliz e em

paz. Ele aproveita ambos: aqui e depois.



Por favor, não se torne uma ovelha. Não siga ninguém. Não olhe

aqui e ali. Não olhe para nenhum lugar. Pare de procurar. Pare toda sua

imaginação pelo futuro e conceitualização do passado. Mantenha seu ser

neste momento, que é um não-momento.


Descubra de onde esse momento vem, de onde o tempo vem, de

onde o pensamento surge, e você verá que você sempre esteve em casa.

Você não precisa de mais nada! "




*Fonte: http://advaita.com.br/wp-content/uploads/2010/08/Eu-confio-voc%C3%AAs-s%C3%A3o-todos-le%C3%B5es-Papaji1.pdf

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A questão do "ego" (Ramana Maharshi e Nisargadatta Maharaj)

"O pensamento-eu é a fonte de todos os pensamentos...Se o ego estiver presente, tudo o mais também existirá. Se estiver ausente, tudo o mais desaparecerá. Como o ego é tudo isso, investigar a sua natureza é a única forma de abandonar todo apego. Controlando a fala e a respiração, e mergulhando fundo em nós mesmos, como alguém que mergulha na água para recuperar algo que nela caiu, devemos, por meio de um insight aguçado, descobrir a fonte de onde surge o ego.


A investigação, que é o caminho da Sabedoria, não consiste em repetir verbalmente "eu, eu", mas em buscar, por meio de uma mente profundamente interiorizada, de onde o "eu" surge. Pensar "Eu não sou isso", "Eu sou aquilo" pode ajudar, mas não constitui a inquirição em si.


Quando questionamos dentro da nossa mente "Quem sou eu?" e chegamos ao Coração, o "eu" sucumbe e imediatamente outra entidade se revela proclamando "Eu-Eu". Muito embora ela também surja dizendo "eu", não se trata mais do ego, mas sim da Existência Única, perfeita.


Se investigarmos incessantemente a forma da mente, descobriremos que não existe algo chamado "mente". Este é o caminho direto aberto a todos.


A mente é constituída apenas de pensamentos, e para todos eles a base ou fonte é o pensamento-"eu". O "eu" é a mente. Se nos voltarmos para dentro perguntando pela Fonte do "eu", o "eu" sucumbe. Esta é a investigação da Sabedoria. Onde o "eu" se dissolve, outra entidade emerge como "Eu-Eu" por conta própria: é o Ser Perfeito...


Quando inquirimos "Quem sou eu?", o "eu" investigado é o ego. Também é esse "eu" quem faz a autoinvestigação. O Ser não tem inquirição. É o ego que faz a investigação. O "eu" sobre o qual a investigação é feita também é ego. Como resultado da investigação, o ego deixa de existir e descobrimos que somente o Eu Real existe.


Qual a melhor maneira de matar o ego? Para cada um o melhor caminho é aquele que parece mais fácil ou que tem maior apelo. Todos os caminhos são igualmente bons, na medida em que conduzem ao mesmo objetivo: dissolver o ego no Eu Real. O que o devoto chama de entrega, aquele que faz investigação chama de Sabedoria. Ambos estão tentando levar o ego de volta à Fonte da qual ele surgiu e fazê-lo ser absorvido por ela. Pedir que a mente mate a si mesma é como fazer do ladrão um policial. Ele irá com você e fingirá prender o ladrão, mas nada será ganho. Portanto, volte-se para dentro, veja de onde surge a mente e ela deixará de existir." (In: Pérolas de Sabedoria)




"Sábio filho, abandone a mente – o atributo limitador que origina a individualidade, assim causando a grande enfermidade de repetidos nascimentos e mortes – e realize Brahman...Abandonar a mente é muito fácil, tão fácil quanto amassar uma flor delicada, tirar um fio de cabelo da manteiga ou piscar os olhos. Não tenha dúvida. Para um buscador resoluto, senhor de si e não enfeitiçado pelos sentidos, que pelo intenso desapaixonamento se tornou indiferente aos objetos externos, não pode haver a menor dificuldade em abandonar a mente...A questão da dificuldade só surge quando há uma mente a ser renunciada. Verdadeiramente falando, não existe mente. Quando lhe dizem: “Aqui tem um fantasma”, a criança ignorante é levada a acreditar na existência do fantasma inexistente, ficando sujeita ao medo, ao sofrimento e aos incômodos. Da mesma forma no imaculado Brahman, ao imaginar coisas que não existem – como isto e aquilo – uma falsa entidade conhecida como mente surge como algo aparentemente real, funcionando como isto e aquilo e mostrando-se incontrolável e poderosa ao incauto; porém, para o buscador senhor de si e dotado de discernimento, conhecedor da natureza da mente, ela é fácil de ser abandonada. Só um tolo, ignorante da natureza da mente, diz que é muito difícil... Na ausência de pensamento, não existe mente. Extinguindo-se os pensamentos, a mente permanecerá apenas em nome, tal como o chifre de uma lebre; desaparecerá como uma não entidade, como o filho de uma mulher estéril, o chifre de uma lebre, ou uma flor no céu. Isto também é mencionado no Yoga Vasishta."(retirado da internet)

(Ramana Maharshi)









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 "A pessoa é meramente o resultado de um mal-entendido. Na realidade, não há tal coisa. Sentimentos, pensamentos, ações correm ante o observador em uma sucessão sem fim, deixando marcas no cérebro e criando uma ilusão de continuidade. Uma reflexão do observador na mente cria o sentido de 'eu' e a pessoa adquire uma existência completamente independente. Na realidade não há uma pessoa, apenas o observador identificando-se como o 'eu' e o 'meu'..."(p. 322);


"O sentido de identidade permanecerá, mas nunca a identificação com um corpo particular. Ser, Consciência e Amor brilhará em pleno esplendor. Nunca é a pessoa que se liberá, sempre nos liberamos dela"(p. 323);


"A pessoa é uma casca que o aprisiona, quebre a casca"(p. 323);


"Eu não digo que [depois da morte] a mesma pessoa renasça. Ela morre, e morre para sempre. Mas as suas memórias permanecem, assim como seus desejos e temores. Elas proporcionam a energia para uma nova pessoa. O real não toma parte nisso..."(p. 359);


"Mesmo a idéia de ser um homem ou uma mulher, ou mesmo humano, devem ser descartadas. O oceano da vida contém tudo, não apenas humanos. Assim, em primeiro lugar, abandone a auto-identificação, pare de pensar de si mesmo como assim e assado, esse e aquele, isto ou aquilo"(pp. 297-298);


"Em primeiro lugar conheça sua própria mente e descobrirá que a questão de outras mentes não surgirá de forma alguma porque não existem outras pessoas. Você é o fator comum, a única ligação entre as mentes."(p. 243);


"No nível do absoluto não há pessoas; o oceano da Consciência pura não é nem virtuoso nem pecaminoso. ..Identificar-se com o particular é todo o pecado que existe. O impessoal é real, o pessoal aparece e desaparece. 'Eu sou' é o impessoal. 'Eu sou isto' é a pessoa..."(p. 71)( (In: Eu sou Aquilo, Editora Advaita)


"(...)Interlocutor: Después de la realización de sí mismo, ¿un hombre sigue teniendo ego?


Maharaj: No tiene ninguna familiaridad con el ego. Mientras uno se identifica con la forma, el ego está aquí. Puesto que un realizado ya no tiene ninguna identificación con la forma corporal, la cuestión simplemente no se plantea. Más aún: ni siquiera es presenciador1 de su existencia misma. Eso significa que el principio autorrealizado presencia el principio manifiesto, que es la fuerza vital junto con la eseidad.


Int: Cuando no se tiene ninguna forma, ¿una persona no tiene más problemas?


Mah: Ninguna parte del cuerpo le toca. Esa entidad autorrealizada presencia todo
lo manifiesto, junto con el mundo y también la eseidad."(In: El néctar de los pies del Señor)

(Nisargadatta Maharaj)









domingo, 29 de abril de 2012

Ramana Maharshi e a questão da "Kali Yuga"


"Um certo Sr. Girdhari Lal, antigo residente do Ashram de Sri Aurobindo , veio na última tarde e permanece no Asramam. Ele perguntou a Bhagavan [Ramana Maharshi] esta manhã. “É dito nos puranas que a kaliyuga consiste de muitas centenas de anos, muito desses anos já passaram, mas ainda restam, etc. Posso saber quando esta Yuga irá terminar?”

Ramana Maharshi: Eu não considero o tempo como algo real. Desta forma, eu não me interesso por tais coisas. Não sabemos nada sobre o passado ou as eras (yugas) que ocorreram no passado Nem sabemos sobre o futuro. Mas sabemos que o presente efetivamente existe. Vamos conhecer o presente primeiro. Então todas as dúvidas se desvanecerão. Depois de um tempo Ramana acrescentou, “O tempo e o espaço sempre mudam. Mas existe Algo que é eterno e não sujeito a mudanças. Por exemplo, o mundo, o tempo, passado ou futuro, nada disso existe para nós, quando dormimos. Mas NÓS existimos. Vamos tentar descobrir Aquilo que sempre existe e não sujeito a mudanças.Qual o benefício de sabermos quando e em que ano começou a kaliyuga e quantos anos levará para terminar?”

Girdhari Lal: Eu sei, do ponto de vista de alguém cuja consciência está além do tempo, tais questões não tem a menor importância. Mas, para nós, almas que ainda lutam, isto pode ser importante. é dito que nas yugas anteriores e.g. satya yuga, o homem não tinha decaído tanto, como agora na kaliyuga ae que era mais fácil para ele obter liberação que agora.

Ramana Maharshi: Por outro lado, é dito que é muito mais fácil obter salvação nesta atual yuga que na satya yuga. Alguns dias ou horas de penitência (trabalho espiritual) nesta yuga assegurará o que vários anos de trabalho espiritual em outras yugas demandaria. Isto é o que os livros dizem. Ademais, não há nada para se alcançar e nenhuma necessidade de tempo para se alcançar. Você é sempre Isso.Você não tem que alcançar nada. Tem apenas de desistir do pensamento de que é limitado, desistir de achar que você é o corpo

Girdhari Lal: Então, porque os puranas dão a exata duração de cada yuga em anos?

Ramana Maharshi: Pode ser um significado simbólico (estória moral) io número de anos mencionado para cada yuga. Ou, a imensidão de tempo designado para cada yuga pode ser um mero artifício para atrair a atenção do homem para o fato que, mesmo se ele pudesse viver todo o período de uma yuga, sua vida ainda seria uma insignificante fração do universo, e que o homem deveria, portanto, observar a posição humilde que ocupa no todo e não se tornar arrogante, concedendo demasiada importância a si mesmo. Ao invés de dizer, “O que é a vida de um homem comparado a eternidade?” eles ensinam o quão fugaz é nossa vida. Ou melhor, é dito que há um ciclo regular de yugas .E quem sabe quantos ciclos tem passado e se repetido. Repito, cada yuga é subdividida em 4 outras yugas. Não há fim para tais cálculos; ae diferentes escolas tem suas ideias sobre quando terminará a kaliyuga. Quando o próprio tempo não existe de fato, como observamos no sono, qual o benefício de se importunar com tais questões sem sentido?"

(Tradução: Célio Nunes Leite)

sábado, 31 de março de 2012

Não-dualidade: Ken Wilber

"...Quando você é o Observador de todos os objetos, e todos os objetos surgem em você, você está, então, em completa Liberdade, na vasta expansão do espaço inteiro. Nessa simples Uma Prova, o vento não sopra em você, ele sopra dentro de você. O sol não brilha em você, ele irradia profundamente de dentro do seu próprio ser. Quando chove, você está úmido. Você pode beber o Oceano Atlântico de um só gole, e engolir o universo inteiro. Supernovas nascem e morrem tudo dentro do seu coração, e galáxias rodam infinitamente onde você achava que sua cabeça estava, e tudo é tão simples quanto o som de passarinhos cantando num amanhecer cristalino.

Cada vez que reconheço ou fico consciente da Observação sempre presente, rompo a Grande Busca e desfaço o eu separado. Essa é a prática máxima, secreta, não-dualista, a prática da não-prática, a prática do simples reconhecimento, a prática da lembrança e do reconhecimento, fundamentada infinita e eternamente no fato de que só existe o Espírito, um Espírito que não é difícil de encontrar, mas é impossível de evitar.

O Espírito é a única coisa que nunca esteve ausente. É a única constante em suas experiências mutáveis. Você sabia disso literalmente há bilhões de anos. E é melhor você reconhecer. "Se você entende isso, descanse então naquilo que entende, e só isso já é o Espírito. Se você não entende isso, descanse então naquilo que não entende, e só isso já é o Espírito." Pois eternamente e eternamente e sempre eternamente, existe só o Espírito, a Observação desse e de cada momento, até o fim do mundo."

(Ken Wilber)

domingo, 25 de março de 2012

Ramana Maharshi e o vegetarianismo

A opção vegetariana não pode ser vista como um dogma, já que nem todos os (assim considerados) realizados eram vegetarianos (por exemplo, N. Maharaj não era).  Por outro lado, como sugere Ramana Maharshi neste texto abaixo, em inglês, não se pode ignorar que hábitos como a dieta vegetariana auxiliam bastante (porém não são por si suficientes) no processo de liberação da mente, incentivando as potencialidades do guna da harmonia espiritual  (sattva).
Ramana Maharshi on Sattvic Diet, Vegetarianism and Alcohol
Question : What about diet?
Ramana Maharshi : Food affects the mind. For the practice of any kind of yoga, vegetarianism is absolutely necessary since it makes the mind more sattvic [pure and harmonious].

Question : Could one receive spiritual illumination while eating flesh foods?
Ramana Maharshi : Yes, but abandon them gradually and accustom yourself to sattvic foods. However, once you have attained illumination it will make less difference what you eat, as, on a great fire, it is immaterial what fuel is added.

Question : We Europeans are accustomed to a particular diet and a change of diet affects the health and weakens the mind. Is it not necessary to keep up one's physical health?
Ramana Maharshi : Quite necessary. The weaker the body the stronger the mind grows.

Question : In the absence of our usual diet our health suffers and the mind loses strength.
Ramana Maharshi : What do you mean by strength of mind?

Question : The power to eliminate worldly attachment.
Ramana Maharshi : The quality of food influences the mind. The mind feeds on the food consumed.

Question : Really! Then how can Europeans adjust themselves to sattvic food only?
Ramana Maharshi : Habit is only adjustment to the environment. It is the mind that matters. The fact is that the mind has been trained to think certain foods tasty and good. The food material is to be had both in vegetarian and non-vegetarian diet equally well. But the mind desires such food as it is accustomed to and considers tasty.

Question : Are there restrictions for the realized man with regard to food?
Ramana Maharshi : No. He is steady and not influenced by the food he takes.

Question: Is it not killing life to prepare meat diet?
Ramana Maharshi : Ahimsa [non-violence] stands foremost in the code of discipline for the yogis.

Question : Even plants have life.
Ramana Maharshi : So too the slabs you sit on!
Question : May we gradually get ourselves accustomed to vegetarian food?
Ramana Maharshi : Yes. That is the way.

Question : Is it harmless to continue smoking?
Ramana Maharshi : No, for tobacco is a poison. It is better to do without it. It is good that you have given up smoking. Men are enslaved by tobacco and cannot give it up. But tobacco only gives a temporary stimulation to which there must be a reaction with craving for more. It is also not good for meditation practice.

Question : Do you recommend that meat and alcoholic drinks be given up?
Ramana Maharshi : It is advisable to give them up because this abstention is a useful aid for beginners. The difficulty in surrendering them does not arise because they are really necessary, but merely because we have become inured by custom and habit to them.

Question : Generally speaking, what are the rules of conduct which an aspirant should follow?
Ramana Maharshi : Moderation in food, moderation in sleep and moderation in speech.

quarta-feira, 7 de março de 2012

O conhecimento não é erudição (Shankara)

“A erudição, o discurso bem-articulado, a riqueza de vocabulário e a capacidade de interpretar as Escrituras – tais coisas aprazem ao erudito, mas não trazem a libertação. O estudo das Escrituras será vão enquanto Brahman não tiver sido experimentado. E, depois que Brahman foi experimentado, é inútil ler as Escrituras.” (Shankara, Fonte: “A Jóia Suprema do Discernimento”)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Poema de Sri H. W. L. Poonja ("Papaji"):



Antes do começo você é pura Consciência.
Você é a totalidade do Amor no Amor e o vazio do Alerta.
Você é a Existência e a Paz além da Paz.
... Você é a tela onde tudo é projetado.
Você é a Luz do Conhecimento.

Aquele que deu o conceito de criação ao criador.
Esqueça-se daquilo que puder ser esquecido e reconheça a si mesmo
como aquilo que não pode ser esquecido.

Você é o substrato onde tudo se move... deixe que se mova.
Você é Agora, você é o Agora.
Que “eu” existe que possa estar fora desse Agora?
Você é a Verdade e somente a Verdade é.

Você é Inatividade.
Atividade é o seu reflexo, a sua Brincadeira, o seu mundo.
O Sol é Inatividade, os espelhos são atividades.

Você é este precioso Momento, a Presença em Si,
qualquer brisa que te toque santificará até mesmo demônios.

Você é Aquele que está Consciente
da Consciência de objetos e idéias.
Você é aquele que é até mesmo mais Silencioso que o Alerta.
Você é a Vida que precede o conceito de vida.
A sua natureza é o Silêncio
e não é alcançável, É desde sempre.

“Espaço” foi sua primeira noção
e você tomou Sat-chit-ananda* como sua primeira forma.
O mundo é a sua mente
e Tudo brota do seu Coração.

Aqui e Agora é o seu coração.
Como Amor você aceita a caverna desse Coração
de onde todo tempo e espaço surgem.

Você é o Interior que não está nem dentro nem fora.
A mente não chegando a lugar algum está Dentro,
nenhuma parede está Dentro.
Você é a Existência em todos os átomos,
conheça isso e você será Felicidade.

Você é o Vazio, a Substância Suprema:
remover o Vazio do Vazio deixa apenas o Vazio, pois não há nada além Dele.
Tudo surge, dança ao redor e retorna a Isso.
Assim como o Oceano se torna uma onda para dançar
assim você é esse Vazio dançante!
Nada está fora desse Vazio e portanto Ele é a Totalidade.
O Vazio está entre o é e o não é.
Para ser Livre você precisa da firme convicção
de que você é esse Substrato, essa Paz, esse Vazio.

Você é aquilo onde todos os acontecimentos acontecem.
O que acontece, deve acontecer; assim, permaneça indiferente como Paz.
Seja Pacífico e essa Paz se espalhará.
O que surge da Paz é Paz
e o que surge da confusão é confusão.
Então Seja a Paz e dê isso ao Universo.
É tudo o que você deve fazer.
Mesmo pensar “eu sou Paz” perturba essa Paz.
Então apenas fique quieto; Seja como você é.

Você é “Sendo”, não “tendo Sido”,
não “seria”, mas “Sendo”.
Você é a Atemporalidade na qual nenhuma morte pode entrar
pois onde não há nenhum tempo, não há nenhuma morte.
Essa Atemporalidade é Agora e Isso é Ser.

O Ser está sempre brilhando. EU SOU é a Luz do Ser.
Esse Diamante não pode se esconder e não pode nunca ser escondido.
Quando não há mente, a face brilha de Beleza e Inocência.
Apenas simplesmente fique sossegado; apenas seja o que você é.
 
*Sat-chit-ananda:
Sat: O aspecto transcendental do Princípio Último em atividade.
Chit: Consciência Universal.
Ananda: Êxtase

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O conhecimento não está nos livros (Ramana Maharshi)

"Você pode continuar lendo livros sobre Vedanta. Eles só vão lhe dizer: 'Realize o Ser'. O Ser não pode ser encontrado nos livros. Você tem que encontrá-lo por você mesmo, em você mesmo."

"Todos os textos asseveram que para se obter a iluminação a mente deve ser aquietada; portanto, seu ensinamento conclusivo é que a mente deve ser silenciada. Uma vez que se tenha entendido isso, a leitura infindável não é necessária. A fim de silenciar a mente você deve apenas investigar dentro de si mesmo o que é o seu Eu; como poderia tal busca ser feita nos livros? Você deve ver o seu Eu com o seu próprio olho de sabedoria...Chegará um momento em que você deverá esquecer tudo o que aprendeu."

Ramana Maharshi

(Fonte: Pérolas de Sabedoria: vida e ensinamentos de R. Maharshi, Ed. Teosófica, p. 59, p. 140)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Robert Adams

 Robert Adams foi principal discípulo ocidental de Ramana Maharshi. Para mais informações, 

consultar este site oficial: http://robertadamsinfinityinstitute.org/